sexta-feira, agosto 28, 2009

Bem que o meu corpo me avisou...

... que hoje não era dia para tentar de novo. Que desilusão é iludir-me. Vou ficar por aqui. A Vanessa perdeu o seu amor para uma novela das oito. Eu tenho-te por muito menos.
Já não cheira a comida por aqui, talvez fique mais um pouco. O Manel ouviu dizer e ouviu muito bem "agora se for o amanhã, podemos começar novamente, isso digo-te eu."

Enrolo-me nas palavras como se fossem ondas a rebentar em pleno mês de Setembro. Nesse mês em que o mar se zanga pelo Verão estar no fim. Também fico zangada em Setembro. Não fora o sol cor-de-laranja das suas tardes, já o teria eliminado há muito do meu calendário. Foi num Setembro qualquer que percebi que sou como o mar. Ora fico calma, ora me zango. Ora deixo que se banhem em mim, ora engulo alguém. O mar é realmente o que na Natureza se parece mais comigo. Chego até a ficar enjoada com tanto balanço, e depois vomito, e vomito. Até me passar.

Bem, foi num Setembro destes. A Vanessa e o Manel conheceram-se. Minutos depois, mesmo antes da novela das oito, eram desconhecidos novamente. Como pode o amor ser tão efémero? E não me digam que é porque nunca existiu, porque não é verdade. Ali havia amor. Entre o Manel e a Vanessa havia amor. Durante trinta minutos foi amor. Depois passou. Ela viu a novela descansada e ele ouviu dizer que sim. Ficou descansado também.

É curioso que ainda não consegui ficar descansada, embora o meu amor dure há mais de trinta minutos. Embora dure há já alguns anos... E um dia disseram-me "parece que andas sempre à procura de alguma coisa". E ando. Procuro e sempre procurei. E disseram mais "parece que nunca estás feliz com aquilo que tens". E não. Acrescentaram a finalizar "não és feliz?". Foi então que engoli em seco. A pergunta ficou suspensa, tal como um suspiro. A minha vida também.

Bem que o meu corpo me avisou... que hoje não era dia para tentar de novo.